quarta-feira, 18 de janeiro de 2012

Costa Concórdia e a Gestão do Risco

Desde o último dia 13, acompanho as notícias relacionadas ao naufrágio do navio Costa Concórdia, na Ilha de Giglio, na costa oeste da Itália. Gostaria de analisar esse fato sob a óptica da Gestão do Risco.
No ano em que são lembrados os 100 anos do naufrágio do Titanic (com muita exploração comercial, como o relançamento do filme de James Cameron em 3D (mais precisamente em 14/4/12) e de vários livros relacionados ao tema), como que por ironia,  algo parecido acontece. Uma série de erros e negligências se somam ao longo do tempo e culminam na ocorrência de um trágico evento.

O risco é uma incerteza, ou seja, um evento com probabilidade de ocorrência maior que 0 e menor que 100%.
Então, qual a probabilidade (ou a chance) de um navio desse porte afundar? É de 0,00002% (ou 1 chance em 402.000). Pouco, não é?
Mas qual o impacto? Gigantesco para e empresa que administra o navio (a Costa Crotiere). Até o momento os prejuízos superam os US$ 100 milhões. Ainda devem ser avaliados os danos relativos a seguros. Além disso, os mais de quatro mil passageiros do navio ainda poderão pedir o ressarcimento de todos os prejuízos, incluindo o preço da passagem, os danos derivados da perda das bagagens, o reembolso das despesas com o retorno antecipado a suas casas e os danos derivados pela morte ou por lesões causadas pelo acidente. Como se já não bastasse, a Confconsumatori (Associação Italiana pelos Direitos do Consumidor) já anunciou que pretende entrar como parte civil num processo, argumentando que "os prejuízos causados por eventuais condutas ilícitas não é dirigida apenas aos milhares de turistas envolvidos, mas afeta a credibilidade do turismo e da marinha italiana". Além o impacto financeiro, há também impactos ambientais (já que há 2,4 mil toneladas de óleo diesel nos tanques, e o local é um santuário de baleias e golfinhos), e o impacto sobre a vida das pessoas (famílias dos que morreram e os que perderam suas fontes de sustento), entre outros.

O constante olhar para os sinais do ambiente é fundamental. Probabilidade e impacto devem ser analisados em conjunto. Pode-se tratar os riscos de 4 maneiras: por meio da prevenção, da mitigação, da transferência ou da aceitação. No caso do navio, a princípio não houve preocupação com o impacto, muito menos com a prevenção (que seria o modo mais adequado de tratar essa incerteza), e nem com a mitigação (já que o comandante literalmente ‘abandonou o barco’). Houve na verdade a transferência e a aceitação (que foram péssimas opções). Agora, restam apenas as ações corretivas, que são muito mais caras e envolvem muito mais atores nesse que é o pior cenário: a ‘limpeza do leite derramado’.
Em tempos de negócios em grande escala, inclusive na indústria do turismo, a gestão do risco deve ser diretamente proporcional a esses volumes.

Foto de satélite mostrando o acidente.

p.s. Na pesquisa que fiz para produzir esse texto, me deparei com um aspecto, no mínimo curioso: ao final de uma notícia sobre o naufrágio, na internet, havia propagandas de cruzeiros marítimos.

4 comentários:

  1. Sua habilidade em relacionar esse evento a algo acadêmico e conceitual como gestão de risco nos mostra, minimamente, que o tema é tão prático quanto conceitual. Parabéns.

    ResponderExcluir
  2. Excelente análise devo acrescentar ainda que o preço das ações da Carnival caíram em 20% (http://phx.corporate-ir.net/phoenix.zhtml?c=140690&p=irol-index).
    abraços

    ResponderExcluir
  3. Excelente análise devo acrescentar ainda que o preço das ações da Carnival caíram em 20% (http://phx.corporate-ir.net/phoenix.zhtml?c=140690&p=irol-index).
    abraços
    Zaki

    ResponderExcluir